A "grande águia" que fez a América Latina sofrer

Entre as décadas de 60 e 80, a América do Sul sangrava com as ditaduras militares, como no Brasil, Argentina, Chile e Nicarágua. Em 2014, completou 50 anos do golpe de Estado civil-militar no Brasil e relembramos todos os crimes cometidos pela direita brasileira por 21 anos. Hoje, dia 11 de setembro, recordaremos o golpe terrorista do Exército militar chileno, que completa 41 anos.

No começo da década de 70, Salvador Allende, da Unidade Popular - frente da esquerda chilena - e presidente eleito pelo povo, que praticava uma política de colaboração entre trabalhadores e burguesia, organizou avanços para a população. Nacionalizou a indústria, realizou a reforma agrária, distribuiu renda e extinguiu a educação privada, oferecendo à sociedade ensino público, gratuito, de qualidade e para todos.

Isso, obviamente, enlouqueceu a burguesia chilena e deixou preocupado o governo dos EUA, em pleno período de guerra fria. Assim, começaram as ações assassinas e devastadoras, provocando um bloqueio econômico contra o Chile, levando o país a crise e implantando revoltas populares contra o governo de Salvador Allende: como hoje fazem na Venezuela para desmoralizar os avanços do governo.

Houve várias tentativas de golpes contra o presidente chileno, mas os generais antecessores do sanguinário Augusto Pinochet, como Carlos Prats, se recusavam pôr fim à democracia chilena. A “CIA”, conhecida inteligência policial dos EUA, foi criada com uma única e exclusiva intenção, derrotar governos progressistas e possíveis movimentos dos trabalhadores pelo socialismo. Uma de suas maiores intervenções ocorreu no Chile para desfazer as conquistas da população, assim como aconteceu no Brasil, em 1964, quando o presidente João Goulart, que implantava as “Reformas de Base” para a melhoria das condições de vida do povo brasileiro, foi deposto do cargo à força, sofrendo o golpe pelos militares.

La Moneda bombardeada.
Na manhã de 11 de setembro de 1973, o Exército chileno cercou La Moneda, palácio presidencial do Chile. Passou toda a manhã exigindo que Salvador Allende entregasse seu cargo. Depois de três horas de exigências militares e a recusa do presidente, as Forças Armadas começaram a bombardear La Moneda. Os registros mostram que Allende morreu às 14h15 e a autópsia afirma que ele cometeu suicídio, mas outras versões não oficiais alegam ter sido assassinado pelos militares.

A ditadura militar no Chile

"Nem perdão, nem esquecimento. Pinochet Assassino".
Augusto Pinochet é conhecido como o mais sanguinário e autoritário ditador da América Latina. Perseguiu, prendeu e matou os militantes da Unidade Popular, sindicalistas, artistas, como o músico revolucionário Victor Jara e até democratas burgueses. Seu governo foi condenado pelos Direitos Humanos das Nações Unidas por ser extremante repressor e cruel. Cerca de 40 mil pessoas, entre torturados, desaparecidos e mortos, foram vítimas da ditadura militar chilena de Pinochet, que durou de 1973 a 1990.

"Educação pública, gratuita e de qualidade. Revolução".

Nos primeiros anos, na área educacional, ordenou uma extensiva queima de livros por todo o país, aqueles considerados “perigosos” para a população, que falavam de lutas sociais e poderiam incentivar um levante popular. Além disso, a ditadura militar privatizou 100% da educação chilena, obrigando todos a pagarem para qualquer tipo de ensino, o que é praticado até os dias de hoje, pois as escolas públicas são administradas pelos municípios, que cobram os alunos. Os estudantes, por existir apenas o ensino privado, contraem dívidas logo no começo de suas vidas, tendo de financiarem por anos e anos seus estudos, que, por direito, devem ser gratuitos.

Manifestação no Chile, com milhares de estudantes.
Recentemente, ondas de manifestações da juventude inundaram as ruas do Chile, pondo até 70 mil estudantes em Santiago, que clamavam por ensino público, gratuito e para todos.

Durante a ditadura, a desigualdade social se aprofundou. Após a volta da democratização burguesa, em 1990, 38,6% da população estava abaixo da linha da pobreza; retrato do Estado capitalista.

Nos anos de 1978 e 1980, Augusto Pinochet propôs um plebiscito para passar a impressão de um governo correto e democrático, mas eram claras as fraudes e ilegalidades, onde o ditador foi reeleito por mais oito anos. Em 1988, mais um plebiscito foi realizado e 55,99% dos eleitores votaram contra a permanência de Pinochet no poder, que foi obrigado a passar seu cargo a um representante da Igreja, Patricio Aylwin, mas continuou a influenciar no país, sendo o responsável-geral pelas Forças Armadas chilenas, até 1998, quando foi nomeado Senador Vitalício.

A Ujes luta por uma sociedade livre de toda a injustiça, exploração e opressão do Estado capitalista, que ocasionalmente, recorre a golpes, instaurando governos ilegais. A Ujes luta pela Revolução Socialista, que é feita pela força do trabalhador e do estudante.

Sempre nos manifestaremos contra qualquer arbitrariedade e repressão à nossa liberdade e lembraremos todos os golpes e crimes já cometidos pela burguesia para que nunca mais se repitam e conscientizem a todos quem é o verdadeiro inimigo a ser combatido e derrotado.

“Estudiar para Luchar. Luchar para estudiar”
 (frase usada durante as manifestações estudantis de 2011-2012, no Chile).


Francisco Aviz
Diretor de comunicação da Ujes.

Assista o curta documentário, dirigido por Ken Loach, abaixo para compreender ainda mais sobre o terrorista golpe militar de 11 de setembro de 1973:



0 Responses so far.

Postar um comentário